Em uma pesquisa divulgada nesta terça-feira, 28/07, o Datafolha mapeou o conhecimento da população brasileira sobre a Hepatite C. Foram mais de 2000 entrevistas realizadas em todo o Brasil, distribuídas em 120 municípios. A margem de erro máxima para o total da amostra é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

De acordo com a pesquisa, 23% dos brasileiros com 16 anos ou mais declararam que já tiveram e/ou conheceram alguém que já teve algum tipo de hepatite. Os entrevistados têm consciência, principalmente, que a hepatite C é considerada uma doença muito grave e é causada por um vírus que inflama o fígado.

É maior a taxa de desconhecimento das pessoas que a doença raramente causa sintomas. A doença tem evolução arrastada e não apresenta sintomas, levando 25 a 30 anos para chegar às formas avançadas quando os sintomas aparecem.

Essa pesquisa mostra que, na melhor das hipóteses, só 38% dos brasileiros infectados já descobriram que são portadores da doença ou, o que significa que mais de 60% dos indivíduos com hepatite C não sabem ainda que têm a doença e muitos estão caminhando para uma cirrose e câncer de fígado, que poderiam ser evitados se a doença fosse diagnosticada mais precocemente.
A hepatite C tem transmissão basicamente sanguínea. Poucos casos apresentam transmissão sexual que não tem importância epidemiológica significativa. Hepatite C não é contagiosa, ou seja, não se transmite pela saliva, água, alimentos. Essa desinformação gera dois problemas: A desinformação quanto à forma de transmissão da doença impede que medidas efetivas de prevenção sejam tomadas e contribuem para a discriminação dos pacientes (a transmissão sexual é vista como perversão e o fato de achar que a doença é contagiosa isola o paciente do convívio familiar e social).
Quando questionados, quase 50% da população de 16 anos ou mais utilizariam a rede pública de saúde como principal meio de atendimento, caso precisassem tratar a Hepatite C.
Vale notar que metade da população brasileira pertence à classe C e os planos de saúde, citados em segundo lugar, tem maior apelo entre as classes mais ricas e escolarizadas do país.

Os medicamentos para tratar a hepatite C são fornecidos pelo SUS que tem limitação orçamentária para atender toda população. Os planos de saúde e seguros médicos não cobrem os medicamentos para hepatite C e encaminham seus pacientes para obter medicação no SUS. Nessa pesquisa fica claro que pelo menos 30% da população poderia ser atendida e receber sua medicação de seu plano de saúde, o que permitiria que mais pacientes pudessem ser tratados na rede pública.

Nesta terça-feira, 28, no Dia Mundial de Combate às Hepatites, a Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) lançaram a Campanha Nacional de Combate à Hepatite C para estimular médicos de todas as especialidades a pedirem o exame da doença. Uma força-tarefa também vai promover a detecção e avaliação da Hepatite C em unidades móveis no Estado de São Paulo. A ideia é que esse projeto piloto se espalhe por todo o Brasil. Além de agilizar o diagnóstico, serão fornecidas orientações e encaminhamento para tratamento. “Se não tratada corretamente, a doença evolui de forma silenciosa para manifestações graves como cirrose e câncer, com morbidades variadas e altas taxas de mortalidade. Espera-se para os próximos anos um aumento de 95% destes casos mais avançados no Brasil, se não forem tomadas providências urgentes para reverter o quadro”, alerta Edison Roberto Parise, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia.
Detalhes sobre a pesquisa você encontra em: Pesquisa Datafolha comentada